ALVIRRUBRO EU SOU, NA ALEGRIA OU NA DOR

 

Quando estamos cabisbaixos pelo nosso time não ter alcançado o que esperávamos, há quem tente nos consolar dizendo: “Calma! É só um jogo!” francamente, se tudo fosse apenas um jogo seria muito mais fácil lidar com as derrotas, só que infelizmente não é bem assim. O “futebol imita a vida em todos os aspectos”, tudo é real. De fato, o sentimento que nos move não tem explicação e quem não consegue sentir essa paixão, jamais entenderá nosso “estilo de vida”.


Registro do inesquecível mosaico “Olhos do Dragão”

Fotografia da Internet

 

A cada temporada renovamos as nossas energias e acreditamos que as coisas serão diferentes. Certas coisas por vezes se repetem. Nesse exato momento, caminhamos para a nossa quinta temporada na Série D e algo que não mudou foi o apoio da torcida.

Em 2017 tínhamos a melhor campanha, mas caímos nas quartas de final para o Juazeirense-BA. No jogo de ida perdemos por 3 a 0, e na volta, em casa, empatamos em 1 a 1. Lembro como se fosse hoje de como aquilo foi doloroso. Afinal, um time de tradição como o América Futebol Clube não cabia naquele cenário.

Éramos “marinheiros de primeira viagem” e não entendíamos direito o nível de dificuldade daquela competição. Aos que nunca estiveram na Série D ou aqueles que chegaram recentemente, preciso ser sincera em alertá-los que vocês também não entendem. Costumo dizer que só quem já tanto nadou e acabou morrendo na praia é capaz de mensurar. Quem apenas conhece o regulamento, para mim, só tem uma vaga ideia do terror que é estar na quarta divisão nacional.

Pois bem, o ano de 2018 veio para nos mostrar que a única coisa que se pode fazer é jogar para ganhar, pois neste campeonato, cada jogo é uma decisão. Caímos no primeiro mata-mata para o Imperatriz-MA. Perdemos o jogo de ida por 1 a 0 fora de casa e conseguimos levar a decisão para os pênaltis após vencer por 2 a 1 em casa. Apesar de sairmos na frente nas penalidades após um erro do adversário Júnior Chicão, na quinta cobrança Flávio Carioca também desperdiçou sua chance e, nas cobranças alternadas, foi o alvirrubro Jadson quem isolou a bola. A dor foi tão intensa quanto a do ano anterior.

Chegamos na temporada de 2019 com as coisas plenamente favoráveis ao Mecão. Após um título estadual que nos encheu de alegria em cima do nosso principal rival, iniciamos o Brasileirão com goleada e pensamos: AGORA VAI! Mas não foi. O desempenho foi caindo até sermos eliminados nas oitavas de final para o Jacuipense-BA, com direito a um golaço contra do alvirrubro Kaike. Foi a única vez que a bola balançou a rede nos dois jogos e, infelizmente, foi para o lado errado.

Finalmente, para a temporada de 2020, o investimento pesado fez com que a chama da esperança novamente acendesse. Teve até jogo treino de pré-temporada na recém inaugurada Arena do Dragão (inacabada, diga-se de passagem). Tudo caminhava bem até que o futebol parou em razão da pandemia que assolou nosso país. Esfriamos. Mesmo assim, antes da liberação do governo do RN para o retorno dos treinos, o América buscou outras alternativas e voltou a treinar no CT do Retrô, em Pernambuco, onde já estava liberado.

Infelizmente foi um sacrifício em vão e dinheiro jogado fora. Dinheiro este que a própria torcida investiu. Para ser mais exata, a prestação de contas informou que R$ 25.670,00 foram doados pela nação alvirrubra para custeio dessa viagem. O investimento total girava em torno de 40 mil reais para 10 dias de treinamento.

O que recebemos em troca? Ingratidão.

Empates e derrotas nos levaram a eliminação da Copa do Brasil e a derrota na final do Campeonato Potiguar. Não bastasse isso, já tínhamos sido desclassificados da Copa do Nordeste antes da paralisação e jogamos contra o Fortaleza-CE apenas para cumprir tabela, perdendo por 3 a 1 na retomada do Nordestão.

Tudo estava péssimo, nossa única alternativa era focar e investir todas as energias na Série D. Com a chegada de Paulinho Kobayashi o time mudou da água para o vinho e aquele elenco se tornou, novamente, a aposta de muitos torcedores para o acesso. Críticas sempre existiram, claro, principalmente nas vezes em que o grupo pisou na bola, mas aquele era o ano do acesso e ninguém, além de nós mesmos, poderia nos sabotar nessa missão.

Jogo a jogo, a cada mata-mata, valia TUDO. Houve da superstição mais boba até o maior incentivo nesses últimos meses. Teve festa na saída do CT, teve apoio financeiro através de doações da torcida, teve quem preferisse não falar e não pensar no jogo, teve quem não ligasse para essas bobagens e teve quem acreditou demasiadamente que esses detalhes fariam a diferença. Eu fui uma dessas pessoas supersticiosas, por isso me ausentei da coluna e deixei de fazer pré e pós jogo por todo esse período.

Novamente, tudo foi jogado no fundo da lixeira e batemos na trave mais uma vez. Este ano é o Floresta quem sobe, após vencer por 2 a 0 no jogo de ida e empatar em 1 a 1 no da volta. Não tenho sequer palavras para descrever tamanha dor que estou sentindo, acompanhada de decepção e raiva. Enfim, espero que tudo isso sirva pelo menos para refletirmos sobre a situação do futebol potiguar. Até mesmo você, rival, que está aí comemorando nosso tropeço, reflita.

Na atualidade, o futebol do RN não é referência, não serve como parâmetro e está sem credibilidade no cenário nacional. Obviamente não chegamos até aqui do dia para a noite, também não sairemos facilmente. Agora nos resta lutar para ver quem não ficará sem série. Hoje não há o que comemorar, todos nós saímos perdendo.

 

Parabéns aos envolvidos!



Registro do apagar das luzes na Arena das Dunas após o último jogo da temporada 2020.

Foto: Fernanda Lima

 

Vamos em frente, gente americana. Somos o maior patrimônio deste clube e, sem dúvidas, somos a maior da capital. Nosso calendário em 2021 contempla Estadual, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Seguimos em busca do acesso!

 

Por Amanda Oleinik

 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.