EDUARDO RAMOS: O ATÉ LOGO DE UM MITO

Meia não tem contrato renovado com o Remo e sai depois de 7 anos

 

Remo faz homenagem ao camisa 10 azulino. Foto: Instagram Remo

 

Entre idas e vindas, Eduardo Ramos e Clube do Remo entrelaçaram suas histórias durante sete anos. Eduardo foi só um capítulo na caminhada centenária do Leão Azul, mas a história escrita juntos vai ficar marcada para sempre no legado do Mais Querido. Nas palavras do próprio camisa 10, é uma parceria marcada por “gratidão, respeito, carinho e amor”. Um amor que foi conturbado do início ao fim, em uma relação que nunca pecou por falta de sentimento.

A TRAVESSIA

Anunciado como a grande contratação do clube para o ano de 2014, Eduardo chegou ao Leão de maneira muito badalada, a começar pela chegada de helicóptero. No dia 15 de dezembro de 2013, Eduardo pousou no Mangueirão de helicóptero e foi apresentado pela diretoria como o “Camisa 33”, número que faz alusão ao maior tabu de um clássico no mundo todo, em que o Remo ficou 33 jogos sem perder para o rival. Parte da torcida gostou da contratação e comemorou, outra parte xingou a diretoria e o jogador, e deu início a conturbada relação. O motivo? Eduardo era, até então, o camisa 10 do maior rival.

Na sua primeira temporada, o então camisa 33 teve um ano muito irregular. Alternando entre performances boas e ruins, Eduardo se viu muito cobrado pela torcida e, por vezes, saía muito vaiado de campo. A pressão foi tanta que, em certo ponto da temporada, o meia pediu para mudar o número de sua camisa e passou a usar o tradicional 10. Já carregando o número que viria a marcar história, ele ajudou o Remo a ser campeão paraense daquele ano, mas pediu para ser negociado e foi para o Joinville.

O AUGE

Eduardo comemorando gol do acesso em 2015. Foto: Reprodução Internet

 

Em 2015, ainda como contratado do clube, Eduardo voltou para o que seria a virada histórica da sua relação com o Fenômeno Azul. A obsessão era o acesso para a Série C, e o time precisava de um maestro para alcançar o feito. Naquele time, o camisa 10 foi exatamente o meia que a equipe precisava. Fazia arrancadas, jogadas individuais e servia os companheiros de ataque com precisão. O time foi bicampeão paraense e partiu em busca do tão sonhado acesso.

No confronto que valia vaga na série C, o time azulino foi superior ao adversário nos dois jogos e, em um Mangueirão lotado, carimbou o acesso em uma partida inesquecível. Welthon e Aleilson marcaram naquele dia, mas foi o gol de Eduardo que levou a torcida à loucura. Fundamental para a conquista, o camisa 10 parecia desacreditado enquanto comemorava o tento de frente para o Fenômeno Azul. Ali, o elo entre Eduardo Ramos e o Clube do Remo era firmado da forma mais contundente possível: com o renascimento dos dois.

O MITO

Sob a alcunha de “mito”, Eduardo se despede do Leão. Foto: Reprodução Internet

 

Depois do acesso, tanto Eduardo quanto o Remo acumularam temporadas conturbadas. Brigaram, o meia acionou o clube na justiça, fizeram as pazes e voltaram às boas, mas ainda faltava alguma coisa. Na temporada 2020/2021, o camisa 10 e capitão da equipe voltou a ter atuações destacadas na Série C, marcando gols e ajudando o time a ganhar as duas primeiras rodadas. Entretanto, o meia se machucou e viu o time cair de produção. Parecia que o cenário iria se repetir, mas a diretoria agiu rápido e trouxe o técnico Paulo Bonamigo para reacender a chama do grupo, e conseguiu.

Ganhando três de quatro clássicos contra o maior rival na terceirona, o Remo garantiu o acesso justamente após um RexPa e, depois de 13 anos, voltou à Série B do Campeonato Brasileiro. Eduardo, assim como em 2015, pareceu não acreditar no feito. Emocionado, o meia permaneceu parado no gramado com as mãos no rosto. Foi o gran finale que ambos mereciam. Agora, Eduardo e Remo vão caminhar separados. Vão reaprender a caminhar um sem o outro, mas não vão dizer adeus. Afinal, ídolos nunca vão realmente embora.

 

ESTATÍSTICAS

Nome: Eduardo Ramos

Jogos: 149

Gols: 37

Títulos e conquistas: Campeonato Paraense 2014, 2015. Acesso à Série C 2015, Acesso à Série B 2020.

Maior artilheiro do Remo no século, 7 gols em RexPa.

Chegou quando o Clube estava sem divisão, saiu com ele na Série B.

 

Por Patrícia Carvalho

 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.