HUMILDADE E FOCO NOS OBJETIVOS: ESSE ERA O LEMA, ESSA ERA A CHAPE DE 2016!

 

A Chapecoense passou da fase de grupos para as oitavas de final da Sul Americana após vencer de virada a equipe do Cuiabá pelo placar de 3 a 1 na chave 3 das partidas nacionais. A equipe do oeste catarinense teve sua primeira participação na competição em 2015, quando foi eliminada nas quartas de final pela equipe do River Plate, com o placar agregado de 4 a 3, apesar da vitória por 2 a 1 dentro de casa.

Pelas oitavas de final da Sul Americana 2016, a disputa foi contra a equipe do Independiente da Argentina, um jogo sofrido para ambos as equipes e ali ficou claro que as coisas não seriam fáceis para os lados do verdão. O coração dos torcedores batia mais forte. A agonia de viver novamente uma disputa de pênaltis para decidir os rumos do Verdão do Oeste na Competição estavam cada vez mais próximas. As lembranças eram boas, mas o torcedor não podia imaginar quais seriam os acontecimentos daquela noite. As disputas de ida e volta ficaram no 0 à 0 e a Chape conquistou a vaga após uma disputa de pênaltis.

Um belo capítulo sendo escrito na historia de um clube do interior, que chegou humilde e desacreditado na competição, e agora volta os olhares do país  para uma disputa de pênaltis. E que pênaltis!!

Poderia ter sido mais uma eliminação, mais uma tentativa que não deu certo. Mas a Chape estava ali para vencer, era a sensação do momento, e foi neste jogo da volta contra a equipe do Independiente que consagramos o nosso glorioso São Danilo, o eterno goleiro do Verdão, que chegou de mansinho, ocupando a vaga do nosso memorável goleiro Nivaldo e com toda a sua qualidade e humildade chegou a gloria de ser um dos melhores goleiros do país em 2016. Titulo mais que merecido. Afinal, não é qualquer goleiro que defende 4 pênaltis nas oitavas de final de uma competição intercontinental contra um time consagrado da Argentina.

 

Danilo era um dos grandes destaques do time

(Foto: Gazeta Press)

Foram 180 minutos de jogo equilibrado entre as duas equipes, no jogo em Chapecó a bola insistia em não entrar. Ela beijava a trave, mas ficava só na paquera, pois para dentro do gol ela não entrava. À medida que o tempo passava a apreensão aumentava. Os pênaltis estavam cada vez mais perto. Por mais confiança que se tenha no próprio time, mas há quem diga que pênalti é loteria. Bem, eu diria que também é competência. É destino.

O juiz encerra a partida. Pênaltis. No sorteio as cobranças seriam feitas na trave da ala norte da Arena Condá, a trave do Danilo. A Arena toda estava de olho naquele espaço. A Chape deu início as cobranças e a agonia tomou conta dos corações alviverdes, após William Thiego acertar a trave, primeiro pênalti perdido pela equipe da Chapecoense. Na sequência foram 2 defesas de Danilo e um defesa do Campanã, disputa de pênaltis estava 3 x 3 e vieram as cobranças alternadas. Na sexta cobrança foi uma defesa para cada lado, na sétima um gol para cada lado. Na oitava cobrança Tiaguinho fez gol para Chapecoense, e Danilo faz mais uma defesa no chute de Tagliafico, explodindo a torcidas nas arquibancadas!

A Arena Condá inteira soltou um grito em comemoração aquela defesa, não foi um grito de gol, foi um grito de alivio. São Danilo classificou a Chape para as quartas de final, as quatro defesas foram no seu canto direito. Nada passava por ali. Nenhuma bola passava naquele lado, e a Chape graças ao Danilo, entrou com o pé direito para mais uma disputa na Sul Americana.

 

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(Foto: Nelson Almeida/AFP)

O jogo das quartas de final foi contra a equipe do Junior Barranquilla. O primeiro jogo foi fora de casa e infelizmente a Chape trouxe na mala uma derrota para o jogo de volta. Não era um resultado desesperador, porém merecia cuidado, já que a equipe do Verdão precisava reverter o placar para continuar viva na competição.

 

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(Foto: Nelson Almeida/AFP)

Mas como para a Chape jogo é jogo e nunca se dá uma partida por encerrada antes do apito final, no jogo da volta o Verdão do Oeste foi pra cima da equipe colombiana, meteu pressão, a torcida empurrou o time e o resultado positivo chegou: Chape fez 3 a 0 no adversário e com garra garantiu de forma inédita para o clube, a vaga na semifinal da Sul Americana!

A Chape estava fazendo história. Era o único time catarinense na competição. Desde o inicio nunca foi uma favorita, sempre foi desacreditada, e agora estava na semifinal, um sonho sendo realizado. O time caminhava a passos largos para a glória, tinha raça e queria nada menos que a vitória quem sabe também o título. Mas seguiu dando um passo de cada vez, um passo grande, mas um passo firme e com objetivo.

A semifinal foi contra a equipe do San Lorenzo, o famoso “time do Papa”. A cidade estava em festa, a Chape havia chegado onde nenhum outro clube Catarinense chegou. Se fossemos eliminados ali de certa forma o torcedor estaria ainda satisfeito, porém entramos em campo para vencer, jogamos pela vitória.

 

Chapecoense está na final da Sul-Americana | Foto: Nelson Machado / AFP / CP

(Foto: Nelson Almeida/AFP)

Na casa do adversário a Chape saiu atrás no placar, mas com raça chegou ao empate que para os torcedores parecia mais uma vitória. Apesar do resultado neutro o Verdão estava na vantagem, já que o próximo jogo era em casa, e mais um empate sem gols garantiria a equipe alviverde na final da competição.

O jogo da volta foi muito disputado, muitas bolas perigosas e nada de gols. Melhor para a Chape.

O verdão conseguiu aguentar a pressão da equipe do San Lorenzo durante os 90 minutos da segunda partida. O jogo estava na prorrogação e o torcedor contava cada segundo para comemorar a classificação inédita. Corações a mil, todos já estavam em pé na Arena Condá para comemorar mais uma vez junto com o time. O jogo podia ser encerrado antes, nenhum chapecoense iria reclamar. Nas rádios, na TV, só se falava na classificação da Chapecoense. A Chape estava na final da Sul Americana, o placar de 0 a 0 estava dando a vaga para o verdão, estava tudo certo, até que aos 48 do segundo tempo, um minuto para acabar a partida, a equipe do San Lorenzo recebe uma falta perto da área do verdão…

A arena Condá que antes estava em festa agora se calou, era o último lance da partida. Aquilo não podia estar acontecendo, estava tudo indo tão bem, um gol naquela hora seria algo inacreditável, um banho de água fria para os mais de 17 mil torcedores que lotavam a Arena.

Já estava escrito, era o destino. Danilo mais uma vez salvaria o Verdão do Oeste. Uma defesa inesperada com o pé direito (sempre o lado direito) a bola estava quase entrando no gol quando Danilo a tirou como um milagre aos 49 minutos do segundo tempo. Foi apenas o tempo de a bola sair pelo lado esquerdo e o goleiro chutar a bota para o centro do campo. Fim de jogo! Chape estava na final da Sul Americana!

O torcedor soltou o grito preso na garganta e as lágrimas corriam pelo rosto demonstrando a emoção que já não cabia no peito. A Chapecoense na final da Sul Americana. Que sonho. Quanta felicidade. O torcedor na Arena estava em festa, os gritos de comemoração ecoavam por toda a cidade.

A partir daquela noite, aquele time humilde que nem mesmo era favorito na competição representava não apenas a cidade de origem e o estado, mas o país inteiro. O Brasil era verde e Branco. Em meio a tantas alegrias a Chape agora tinha que focar na final. Que emoção. A Chape na final. O torcedor não cansava de repetir que era um sonho sendo realizado. O manto verde e branco era moda nas ruas. O assunto do momento era a Associação Chapecoense de Futebol.

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(Foto: Nelson Almeida/AFP)

A final seria disputada contra a equipe do Atlético Nacional de Medellín. A primeira partida era na Colômbia e os 90 minutos finais em território brasileiro. O jogo da volta seria disputado no estádio do Coritiba, já que a Arena Condá não possuía suporte para receber uma final de Sul Americana, até porque, nenhum torcedor esperava que chegassemos tão longe. Várias empresas ofereciam pacotes de viagem para levar os torcedores até Curitiba, a cidade toda se mobilizou para que todos pudessem assistir a partida na praça central da cidade, bares e restaurantes, e até mesmo em casa. Tudo era Chapecoense, tudo era verde e branco. A cidade de Chapecó respirava a Sul Americana. Os torcedores exibiam com orgulho a admiração pelos jogadores que honravam a camisa verde e branca, nossos amigos e parceiros que estavam levando o nome do time e da cidade para o mundo.

Bem, eu poderia falar também dos acontecimentos que se seguiram no dia 29 de novembro de 2016, porém acredito que este capítulo apesar de integrado a historia deva ser considerado algo a parte. Desde o inicio os torcedores vivenciaram momentos de apreensão, suspense, desespero e angústia, que se findaram em historias felizes, com vitórias inéditas, defesas incríveis, lagrimas e sorrisos de felicidade, e isso em nada combina com o que vivenciamos naquela manhã.

A Chape foi consagrada campeã da Sul Americana 2016, como uma forma de homenagem da equipe do Atlético Nacional às vítimas do acidente aéreo.

 

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(Foto: retirado da internet)

Somos campeões, mas não era desta forma que imaginávamos conquistar o titulo. Queríamos um jogo forte, disputado, um gol do Rangel, belas defesas do São Danilo. Mas este jogo vai ficar apenas na imaginação de cada torcedor. O jogo que nunca aconteceu. A final mais amarga que o torcedor Chapecoense irá relembrar.

 

Somos mais que onze!!! Somos #CHAPE

Ana Carolina Teixeira