MEU FILHO TERÁ NOME DE SANTO: SÃO VICTOR

 

Foto: Pedro Souza / Atlético

 

Confesso que não sou boa com despedidas e muito menos com palavras. Não sei como começar essa crônica, afinal, como terminar algo que nunca imaginei que poderia acontecer, por isso, espero ter a mesma grandeza que esta pessoa da qual irei falar tem…

Nessa vida de torcedora, vi muitos chegarem e saírem, alguns deixaram a sua história registrada no nome do time.

Victor iniciou sua carreira no Paulista de Jundiaí, onde fez parte do elenco paulista que foi Campeão da Copa do Brasil de 2005, na qual o comandante era Vagner Mancini. Até chegar no Galo, Victor passou por Paulista, Ituano e Grêmio, ao qual chegou em 2008, além de passagens pela Seleção Brasileira.

No dia 29 de junho de 2012, em uma de suas twittadas, o icônico presidente Alexandre Kalil escreveu: "Torcida mais chata do Brasil, se o problema era goleiro não é mais. Victor é do #Galo! ". Assim, Victor, chegava do Grêmio para suprir a carência deixada por Diego Alves que havia saído em 2007.

 

Nos primeiros anos como jogador alvinegro, nosso paredão viu o time conquistar o vice-campeonato Brasileiro daquele mesmo ano que assinava contrato e assim se classificou para a Libertadores de 2013. 2013, foi o ano que estava predestinado que a América seria colorida de preto & branco.

Por falar da Libertadores e Victor, é impossível não mencionar aquele pênalti contra o Tijuana, não é mesmo torcedor? Foi uma competição marcada por pênaltis e defesas. Oh meu caro goleiro nunca esquecerei daquele dia, geral achando que iria morrer mais uma vez na praia, porém eu  acreditava, em um momento de silêncio, em baixo tom de olhos fechados rezava, quando caí em mim, foi quando vi um monte de gente me abraçando e dizendo que não era um sonho, era uma realidade e aquelas lágrimas que insistiam em cair no meu rosto eram de alegria. Estávamos na semifinal e assim sucessivamente até a final. De cavalo paraguaio a Campeão da Libertadores com uma campanha indiscutível, calaram a boca de muita gente. Obrigado meu herói.

 

Foto: Reuters 

Nosso santo, teve grande participação em todos os campeonatos disputados, desde Estadual até Copa do Brasil. Creio eu, que uma grande parte senão toda a massa atleticana está sofrendo com essa “perda”. Alguns acham exagero, algo desnecessário, afinal você tem que amar o time, a instituição e não jogador, porém, não tem como, a história se une ao jogador. Tem uma frase muito dita no meio futebolístico que diz “entra funcionário e sai como torcedor”, creio que isso aconteceu com o Victor.

Fael Lima, um influencer atleticano muito conhecido na torcida do Galo, em meio a tantas fotos de despedidas no instagram do Atlético fez um comentário que me fez pensar: “ Peço permissão ao rei Dadá para adaptar uma frase dele para falar de outro ídolo. Victor não é eterno. Sua história será eterna.”  

O que é preciso para ter sua história gravada no nome e no coração de uma torcida ? O que é preciso para ser Santo ? 

Victor deixou um legado, uma entidade de DEVOTOS DE SÃO VICTOR, pertencentes a FÉ ATLETICANA. O nome Victor se tornou mais popular do que Enzo e Valentina. Em cada rua existe um Victor e quando você pergunta a resposta é sempre a mesma: “ Ele tem nome de santo, SÃO VICTOR DO HORTO’’. Se isso não for fazer história, eu não sei o que é. Talvez seja loucura, se for me interne com uma camisa de força, mas que seja PRETA&BRANCA.

Ao meu eterno ídolo quero deixar  o mais puro sentimento de GRATIDÃO. Obrigado por tantas alegrias, por todas as defesas e pelo respeito que sempre teve com a camisa alvinegra. Meus filhos, netos, enfim as próximas gerações da minha família alvinegra, saberão que no time deles passou um santo o qual carinhosamente era chamado de SÃO VICTOR; que o seu dever como jogador foi encerrado ontem (28), porém a sua história permanecerá acesa no coração daqueles que te amam. Você é GIGANTE, o Galo perdeu um goleiro e ganhou um torcedor, seja muito bem vindo meu caro, a casa é sua.

 

 

Foto: Pedro Souza / Agência Galo / Clube Atlético Mineiro

 

Encerro essa crônica com uma informação para o torcedor, o nosso paredão saiu do gol para a função de Gerente de Futebol, outras histórias virão em outra função. Voa ídolo, a massa acredita em você.

 

por Elluh Ferreira 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.