O dia em que os rubro-negros calaram a Arena em Porto Alegre!

Como torcedora xavante, existem inúmeros jogos que posso chamar de inesquecíveis, tanto dentro como fora do Bento Freitas. Mas para fugir um pouco dos padrões eu trarei hoje uma partida longe de nossa amada casa e que marcou muito essa pessoa que vos fala por motivos de: é muito bom poder provar a força do interior dentro da Capital. E é por isso que eu apresento como foi a minha experiência de Grêmio x Brasil no dia 11 de fevereiro de 2015 na Arena do Grêmio pelo Campeonato Gaúcho.

 

Essa partida acaba sendo emblemática em diversos sentidos, mas um deles merece uma ressalva especial: foi a primeira vez que eu viajei para ver o Brasil jogar. Antes de completar dezoito anos não tinha tido essa oportunidade e só por esse motivo a expectativa já estava lá em cima, mas isso não era tudo. O time vinha em um bom momento e uma vitória em cima da equipe tricolor lá em Porto Alegre poderia colocar o Xavante na liderança do campeonato gaúcho.

 

Foto: arquivo pessoal

 

Depois de enfrentar uma fila gigantesca e finalmente estar com o ingresso em mãos, embarcamos debaixo de muita empolgação para Porto Alegre. É difícil descrever todo o sentimento de ansiedade contida no coração que eu carregava naquele dia e nem os nove lances de escada que o torcedor adversário precisa encarar quando visita a Arena do Grêmio conseguiram acabar com isso. Tendo problemas respiratórios, eu cheguei lá em cima completamente sem ar mas com um sorriso no rosto.

 

Logo de cara, é impossível não se deslumbrar com a visão de um estádio das proporções da casa dos tricolores e eu jamais vou esquecer do choque de realidade que foi sair pelo corredor de acesso à arquibancada visitante e me deparar com aquilo tudo. Mas quer saber? Eu não troco nem pensar pela minha casinha na rua João Pessoa, por mais humilde que ela seja. Nem todo a magnitude do mundo pode encantar um torcedor apaixonado por seu futebol do interior.

 

Foto: arquivo pessoal

 

Quando eu penso nesse dia, uma das coisas mais memoráveis é a festa da torcida. Nós sabíamos que ganhar lá dentro não seria fácil e justamente por isso faríamos a nossa parte empurrando o time nessa jornada complicada. A torcida apoiou o jogo inteiro! Teve direito a tudo. Levamos a nossa característica “chamada da Garra Xavante”, um símbolo do futebol raiz para dentro do estádio padrão FIFA, houveram os gritos de “é alugado” cutucando o adversário e até a provocações ao nosso maior rival após um indivíduo aparecer infiltrado na torcida gremista. Em resumo, a maior e mais fiel fez valer o famoso canto: “que torcida é essa?”.

 

O jogo em si é outro ponto que jamais vai deixar a memória de qualquer torcedor xavante. O time que foi campeão do interior naquele ano, definitivamente mostrava um futebol de encher os olhos. Organizado, bem-estruturado, trabalhando bem a bola. Assistindo as imagens do compacto do jogo nos dias de hoje, ao ver Alex Amado driblando meio time do Grêmio eu só consigo pensar: ô, saudade! A torcida vai ser eternamente grata a esse grupo de jogadores que nos levou com êxito à elite do futebol gaúcho.

 

O resultado de todo esse trabalho da equipe que não se apequenou diante do adversário da Capital que até então era o favorito veio aos quatro minutos do segundo tempo, quando após Rafael Forster levantar a bola na área em um escanteio e o goleiro Marcelo Grohe falhar, Nena colocou para dentro do gol. A explosão coletiva de alegria nesse momento vai ficar para sempre gravada na minha mente e no meu coração. Sim, meus amigos, nós estávamos vencendo o Grêmio dentro da casa deles. Quase colocamos a Arena abaixo!

 

 

Foto: arquivo pessoal

 

Conforme o final da partida ia se aproximando, nós íamos avisando: o dia já vem raiando meu bem e eu tenho que ir embora. A festa da torcida seguiu até o momento do apito final quando a certeza de que nós havíamos calado o estádio chegou. Jamais vou me esquecer de olhar para a torcida gremista e ver aquela reação pasma de quem não estava acreditando que estava vendo o adversário festejar uma vitória em sua casa. Pois é, o momento era nosso.

 

Com o resultado o Brasil terminou aquela rodada do Gauchão como líder e a felicidade não podia ser maior. O time veio até ao setor onde os torcedores estavam agradecer pela presença daqueles que se deslocaram 260 km para apoiá-los. E essa conexão é o ponto chave de quem se dedica a torcer para um time do interior e não se deixa levar pelos títulos e grandes estádios que os times da Capital tem a oferecer.

 

Foto: arquivo pessoal

 

Nada se compara à vivência do estádio. Nada se compara a vibrar com um lance ao vivo, a gritar junto dos outros torcedores na arquibancada para empurrar o time até a vitória, a ter a oportunidade de apertar a mão do ídolo do teu clube quando ele vem até ao alambrado. Televisão nenhuma pode proporcionar isso e é por esse motivo que eu tenho orgulho de torcer por um time que não importa as dificuldades que lhe sejam impostas, vai sempre proporcionar aquela alma do futebol ali bem pertinho de mim.

 

E é justamente por ser uma prova da força que o interior pode ter diante do poder dos clubes grandes, é que essa vitória fica na minha memória como um dos jogos mais marcantes e inesquecíveis da minha vida. E claro, que venham muitos outros.

 

Foto: arquivo pessoal

 

Avante!

Por Alice Silveira