O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE (PARTE II)

 

Desacreditada. Desconfiada. Duvidada. Foi assim que a Rússia, Dona da Casa, estreou nesta Copa do Mundo.

 

Classificada por ser a anfitriã, o histórico dos amistosos da Seleção Russa não traziam qualquer esperança de classificação. A ideia era apenas não fazer feio, participar e fazer uma bonita festa.

 

Às vésperas da estreia contra a Arábia Saudita Cherchesov foi praticamente sabatinado pela imprensa de seu país. Lhe coube apenas pedir paciência e apoio de seus conterrâneos.

 

Dia 14 de junho de 2018, estádio Lujhnik, Moscou. Nesta data a Rússia surpreendeu à todos. Empreendeu um estilo de jogo sólido, concentrado e principalmente muito técnico. Venceu, de goleada. Já havia feito história para seu país.

 

Ah, mas era apenas a Arábia Saudita - disseram alguns. E veio o Egito. O Egito de Salah. Como nem só de um homem se faz um time, a união de Cheryshev, Smolov, Mario Fernandes, Akinfeev, Cherchesov e outros - não citados mas não menos importantes, sobrepôs ao time do Faraó e venceu mais uma vez.

 

Contra o poderoso Uruguai de Cavani, a Rússia teve sua primeira derrota na competição. Mas não se abalou. Seguiu firme e muito feliz com a classificação em segundo lugar no Grupo A.

 

Próxima parada: pela primeira vez como Rússia (e não mais União Soviética), a Seleção avançava para a fase de mata-mata. Oitavas de Final. A gigante Espanha de Pique, Isco, Iniesta e Sérgio Ramos, que chegou com a probabilidade da vitória.

 

Mas, como probabilidade não ganha nenhum jogo de futebol, o que se viu foi história. A Espanha iniciou o jogo mantendo mais de 60% de posse de bola. A Rússia, com todo respeito, mas sem deixar de se impor, manteve seu esquema tático, e como que num balé muito bem ensaiado, não deixou que a Espanha criasse muitas jogadas.

 

Nossa anfitriã jogava nas falhas. Mas aos 11 minutos, numa bola alçada na área, a bola bateu em Ignashevich que marcou contra seu time. Espanha 1 a 0. A primeira bola perigosa da Rússia apareceu somente aos 35 minutos da primeira etapa.

 

E de tanto insistir, a anfitriã arrancou um pênalti feito por Piquê, aos 40 minutos. Dzyuba converteu lindamente, deixando o placar tudo igual, e os torcedores da Fúria apreensivos.

 

No segundo tempo o time da Rússia mostrou mais uma vez sua garra. Não sucumbiu e ao contrário: continuou anulando as chances de criação da Fúria que teve muita posse de bola, e nenhuma ofensividade.

 

Levar o jogo para as prorrogações foi o primeiro momento de vitória deste capítulo da história da Seleção Russa. A agora gigante Rússia - tal qual a extensão de seu território - calou os espanhóis. Manteve o empate em 1 a 1 e conseguiu levar a decisão para aos pênaltis, sua intenção desde o início.

 

Qual não foi a surpresa e emoção dos milhares de Russos que acompanhavam o jogo em Moscou, quando Akinfeev pegou a cobrança batida por Koke. Todos os jogadores Russos converteram.

 

Mas a explosão mesmo, aconteceu quando Akinfeev, numa defesa que merece ser enquadrada, tal qual um gol de placa, não deixou que Aspas convertesse para a Espanha.

 

(Foto: REUTERS)

 

Emoção. Gritaria. Choro. Em um jogo na qual a probabilidade da classificação era mínima, os Russos, com paciência, humildade e principalmente confiança, mostraram ao mundo com quantos homens se faz um time de futebol.

 

(Foto: @TeamRussia)

 

Com o coração dos Russos - e dos simpatizantes desta Seleção - na ponta de sua chuteira, Akinfeev deixou o mundo boquiaberto.

 

O improvável aconteceu e foi lindo. Mais um capítulo na história da Seleção Russa, que avança para as quartas de finais e enfrentará a Croácia.

 

Mais uma vez a Seleção Russa nos mostra que O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE.

 

Por Daiane da Luz