SOMOS UM TIME

 

A Rússia chegou desacreditada nesta Copa do Mundo, da qual fez as vezes de anfitriã. O histórico da Seleção não era dos melhores. Se a cortesia de estar automaticamente na Copa por sediar o evento não existisse, muito provavelmente ela não estaria entre as 32 Seleções.

 

Se isso acontecesse, nós, os amantes do futebol perderíamos.

 

Perderíamos de ver um time inteiro carregando a humildade no coração e a coragem na ponta da chuteira.

 

Perderíamos de ver superação em cima de superação e a transformação da torcida de um país de desconfiada para confiante.

 

Perderíamos de ver a pequena Seleção da gigante Rússia se tornar tão grande quanto a extensão de seu país.

 

Perderíamos uma goleada, uma defesa que merece ser emplacada, um gol decisivo de um jogador que contém nossos genes e uma história vencedora sendo escrita.

 

Nunca na história a Rússia havia chegado às quartas de final do torneio. Aos nossos olhos brasileiros, acostumados com a vitória e com os títulos - e que até por isso perdemos a sensibilidade de reconhecer as virtudes do time - é difícil enxergar a chegada às quartas de final de uma Copa do Mundo como uma conquista.

 

Mas a Rússia mostrou e encantou.

 

(Foto: Divulgação / Internet)

 

No jogo que valia a vaga para as quartas de final e contra uma Croácia embalada, a Rússia não se acovardou - como era de se esperar desse time tão aguerrido. Cheryshev abriu o placar para os donos da casa, com um chutão de esquerda, marcando o seu quarto gol na competição.

 

Mas a forte Croácia empatou logo em seguida com um gol de cabeça de Kramaric. Sem que ninguém marcasse no tempo normal, o jogo seguiu para a prorrogação. No segundo tempo, Vida conseguiu um espaço na zaga Russa e virou o jogo, marcando também de cabeça, 2 a 1 para a Croácia.

 

Mesmo com a eliminação se aproximando, a Rússia não se abalou. Não desfez sua formação tática nem por um segundo e como numa dramaticidade típica dos jogos mata-mata, empatou o jogo com um gol de cabeça do brasileiro Mario Fernandes - ah, nossos genes.

 

Na disputa por pênaltis, a Rússia iniciou com as cobranças, com Smolov batendo mal, para a defesa do goleiro Croata.

 

Akinfeev também conseguiu defender uma cobrança, de Kovacic, deixando tudo igual. Mas o nosso brasileiro, o herói da prorrogação, desperdiçou o pênalti e mandou a bola para fora. Com a última cobrança de Rakitc - que quase parou na mão direita de Akinfeev, - a Croácia se sobrepôs e desclassificou a nossa anfitriã.

 

A desclassificação dramática da Dona da Casa nos trouxe várias lições. E a principal delas não veio de uma atitude em campo, mas fora dele.

 

Mario Fernandes contou que pediu desculpas à equipe pelo pênalti desperdiçado e recebeu a resposta à altura: "Somos um time. Quando se ganha, todos ganham. Quando se perde, todos perdem".

 

(Foto: Henry Romero / REUTERS)

 

Somos um time! Não nos esqueçamos jamais desta lição.

 

NOTA PESSOAL

 

Na Copa do Mundo de 2014, que aconteceu no nosso país, tive a felicidade de acompanhar minha irmã - que ganhou os ingressos na escola - no jogo Rússia e Argélia que aconteceu em Curitiba, na Arena da Baixada.

 

Logo na chegada, fui surpreendida pela alegria e simpatia dos russos, registrando algumas fotos, inclusive.

 

(Foto: Arquivo Pessoal)

 

Antes de adentrar ao estádio, já havia decidido por quem torcer. Aprendi algumas palavras e gritos de "Vai Rússia" - que por óbvio já esqueci -, e não parei de gritar um segundo sequer incentivando aquela Seleção da qual eu não conhecia sequer um jogador.

 

Neste ano, não tive dúvidas em escolher esta Seleção para contar sua história nesta Copa, conheci seus jogadores, sua trajetória, vitórias e derrotas. Mas a verdade é que ela me escolheu.

 

Obrigada Rússia! Eu torci por ti a cada jogo, a cada vitória, a cada comemoração. E continuarei torcendo!

 

Por Daiane da Luz