THE LAST LA BOBA

Depois de 12 anos, o AD'EUS

 

D’Alessandro é o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do Internacional. (Foto: Ricardo Duarte)

 

Sábado (19/12), 21h, Estádio Beira-Rio. Foi nesse dia, horário e local que a torcida colorada, mesmo distante, deu adeus a um de seus maiores ídolos, mas antes de falar sobre esse jogo é preciso voltar no tempo, há exatos 12 anos, três meses e 18 dias. 

Naquele longínquo 30 de julho de 2008, a história entre Internacional e D’Alessandro tinha início. A recepção da torcida colorada, ainda no aeroporto Salgado Filho, com indícios de idolatria, era um sinal do que D’Alessandro significaria para o Colorado.

Ao pensar no D’Ale, logo nos passa pela cabeça a conquista inédita da Sul-Americana, o título da Libertadores, os inúmeros Campeonatos Gaúcho, os gols em Gre-Nais, o gol da reinauguração no Beira-Rio, o retorno para tirar o Inter da Série B, as La Bobas… O que não falta nesses mais de 12 anos são momentos marcantes. 

O que também não faltou foi a cumplicidade entre um ídolo e sua torcida. A relação entre eles, mesmo com momentos conturbados, foi regada de carinho e respeito, e são esses sentimentos que fazem com que os números fiquem em segundo plano.   

D’Alessandro ressignificou a camisa 10 do time que por muito tempo foi adjetivado como o Inter de D’Alessandro, e o Inter também trouxe um novo significado para sua vida. Em 20 anos de carreira, mais da metade ele passou com a camisa colorada. Foi no Beira-Rio que conquistou o maior título de sua carreira. Foi em Porto Alegre que criou raízes, recebendo o título de Cidadão de Porto Alegre e a cidadania brasileira e fundou o Lance de Craque.

Cada gota de suor, cada reclamação e cada comemoração fizeram com que, por muito tempo, D’Alessandro fosse um pedacinho da arquibancada dentro de campo. Hoje, após o adeus, D’Ale passa a ser um representante do Inter em qualquer lugar do mundo. Nada irá separar o Inter do D’Alessandro ou o D’Alessandro do Inter, porque ninguém entendeu tão bem o que é o Sport Club Internacional como esse argentino canhoto.

El Cabezón chegou como um reforço de peso e sai como o maior camisa 10 da história do alvirrubro gaúcho, como o maior estrangeiro que pisou no Beira-Rio.

Capitão da equipe desde 2012, D’Alessandro conquistou 13 títulos com a camisa colorada. (Foto: Ricardo Duarte)

No dia 23 de novembro, D'Alessandro anunciou que não permaneceria no clube em 2021. Internamente, creio, que cada torcedor colorado foi tomado por um sentimento de ansiedade para saber quando seria o derradeiro jogo. Na última quarta-feira (16), o gringo sanou essa angústia. O último jogo tinha que ser em sua casa, não podia ser diferente. E o dia do adeus, infelizmente, chegou, sem estarmos preparados, mas chegou.

 

19 de dezembro de 2020, a data do adeus. (Foto: Ricardo Duarte)

Depois de 517 jogos, 95 gols, 113 assistências, 13 títulos e muito amor pela camisa, o torcedor colorado se despede do jogador, mas jamais do ídolo. Esse está marcado na vida de todos que o viram vestir essa camisa. Os deuses do futebol ainda reservaram uma bela coincidência para os colorados: o gol de Edenilson, o primeiro do jogo diante do Palmeiras, saiu aos 10 minutos do primeiro tempo. O futebol tem dessas coisas.

A despedida está longe de ser como ele merece, com um Beira-Rio lotado, em um jogo com cara de comemoração, com todos gritando seu nome. Isso faz com que o adeus ganhe contornos de até logo. Em algum momento, não sabemos quando ou contra qual adversário, a verdadeira despedida irá acontecer. 

Esse texto poderia se resumir em uma única palavra. E é com ela que eu o finalizo: Obrigada, D10S! 

 

Com admiração, Ingrid Fochezatto

 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.